A história de Estevão II: O Papa que Não Chegou a Ser Papa


Na longa história da Igreja Católica, poucos casos são tão curiosos quanto o de Estevão II, um homem que foi eleito papa, mas nunca chegou a exercer o pontificado. Conhecido como "Papa-eleito Estevão", ele é lembrado como uma figura singular: sua eleição em 752 marcou um momento de transição na Igreja, mas sua morte repentina, antes da consagração, o impediu de ser reconhecido oficialmente como papa. Neste artigo, exploraremos quem foi Estevão II, os detalhes de sua breve eleição e o impacto desse evento na tradição católica.

Quem Foi Estevão II?

Estevão, mais tarde chamado de Papa-eleito Estevão, nasceu em Roma no início do século VIII, em uma época em que a cidade ainda fazia parte do Exarcado de Ravenna, sob influência do Império Bizantino. Ele era um romano de origem aristocrática, batizado na fé cristã, que se tornou presbítero e, eventualmente, cardeal-presbítero da Igreja de San Crisogono, uma posição de destaque concedida pelo Papa Zacarias em 745. Sua vida na Igreja foi marcada por um serviço dedicado, o que o tornou uma figura respeitada entre o clero romano.

Quando o Papa Zacarias faleceu em março de 752, Estevão foi eleito por unanimidade como seu sucessor em 22 de março, instalando-se no Palácio de Latrão para iniciar seu pontificado. No entanto, apenas três dias após sua eleição, em 25 de março, Estevão sofreu um derrame enquanto organizava tarefas domésticas com sua família. Ele faleceu no dia seguinte, 26 de março, sem ter sido consagrado como bispo de Roma, um requisito essencial para assumir oficialmente o cargo de papa na época.

A Eleição e a Morte: Um Pontificado que Nunca Aconteceu

Na tradição da Igreja do século VIII, o pontificado de um papa só começava oficialmente com sua consagração como bispo de Roma. Embora Estevão tenha sido eleito de forma legítima, sua morte antes desse rito o excluiu da lista oficial de papas. Ele foi enterrado no átrio da Antiga Basílica de São Pedro, mas sua tumba foi destruída durante a demolição da basílica no século XVI, apagando qualquer vestígio físico de sua memória.

Curiosamente, a história de Estevão II gerou confusão na numeração dos papas com o mesmo nome. Durante séculos, ele foi anacronicamente chamado de "Papa Estevão II" em alguns registros, o que fez com que o papa seguinte, também chamado Estevão, fosse listado como Estevão III. No entanto, em 1961, durante o pontificado de João XXIII, a Igreja revisou a lista oficial de papas e removeu Estevão II, reconhecendo-o apenas como papa-eleito. Isso ajustou a numeração, e o Estevão que governou de 752 a 757 passou a ser oficialmente Estevão II.

O Contexto Histórico e a Transição na Igreja

A eleição de Estevão II aconteceu em um momento de grandes desafios para a Igreja Católica. Em 751, o rei lombardo Aistulfo havia capturado o Exarcado de Ravenna, ameaçando a soberania do Papa sobre Roma. Além disso, as relações com o Império Bizantino estavam tensas devido à controvérsia iconoclasta, e o imperador Constantino V não pôde enviar tropas para defender Roma. Esse vácuo de poder marcou uma transição crucial na história papal, que culminou com o pontificado do sucessor de Estevão, também chamado Estevão II (752-757), que buscou apoio dos francos e fundou os Estados Papais.

Embora Estevão II não tenha vivido para enfrentar esses desafios, sua breve eleição é um lembrete da fragilidade da vida e da complexidade do processo de sucessão papal na época. Sua morte abriu caminho para um pontificado que transformaria a Igreja, com o Estevão seguinte estabelecendo uma aliança histórica com Pepino, o Breve, rei dos francos, e rompendo definitivamente com o Império Bizantino.

Conclusão: Um Legado de Humildade e Mistério

Estevão II, o papa que nunca foi papa, permanece uma figura enigmática na história da Igreja Católica. Sua eleição relâmpago e sua morte prematura nos convidam a refletir sobre o chamado à liderança, a fragilidade da vida e o papel do Espírito Santo na condução da Igreja. Embora ele não tenha deixado um legado direto, sua história é um testemunho da rica e complexa jornada da fé católica ao longo dos séculos. O que você acha dessa história tão peculiar? Compartilhe suas reflexões nos comentários e junte-se a nós para explorar mais mistérios da Igreja!

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