Papa Francisco morre aos 88 anos no Vaticano


Vaticano anuncia falecimento do Papa após longa batalha contra problemas respiratórios

Morreu aos 88 anos o Papa Francisco, no Vaticano. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Câmara Apostólica, às 7h35 desta segunda-feira (21) de Páscoa. Com a morte, encerra-se um pontificado de 12 anos marcado por reformas e aproximação aos mais vulneráveis.

Francisco faleceu na residência onde vivia no Vaticano, na Casa Santa Marta. O pontífice havia sido internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli em 14 de fevereiro, após crises de bronquite. Seu quadro clínico se agravou, resultando em uma internação de 38 dias. Após esse período, retornou para casa e fez poucas aparições públicas.

Um papa com histórico de problemas respiratórios

Nascido Jorge Mario Bergoglio na Argentina, o pontífice passou por uma cirurgia em seu país natal para retirar parte do pulmão afetado por uma infecção respiratória grave. O procedimento foi realizado em 1957, quando ele tinha apenas 21 anos. Desde então, Francisco enfrentou problemas respiratórios recorrentes ao longo de sua vida.

Essa condição de saúde fragilizada nunca impediu seu trabalho pastoral, mas tornou-se mais evidente nos últimos anos de seu pontificado. As recentes internações hospitalares já indicavam a deterioração de seu estado de saúde.

Ritos fúnebres serão "simples", conforme desejo do pontífice

Segundo o comunicado divulgado pelo Vaticano, Francisco expressou o desejo de que seus ritos fúnebres "fossem simples e focados na fé da Igreja no Corpo Ressuscitado de Cristo". Este pedido reflete sua conhecida aversão a pompas e cerimônias excessivamente formais.

De acordo com o arcebispo Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, "o rito renovado busca enfatizar ainda mais que o funeral do Pontífice Romano é o de um pastor e discípulo de Cristo, e não de uma figura poderosa deste mundo".

Procedimentos seguirão novo protocolo litúrgico

Francisco seguirá a nova edição do livro litúrgico para funerais papais. A obra Ordo Exsequiarum Romani Pontificis estabelece, entre outros elementos, como tratar os restos mortais do religioso após a morte.

Um dos ritos dispõe das ações imediatas após o falecimento. Segundo o Vaticano, "a constatação da morte ocorre na capela, e não no quarto onde ele faleceu, e o corpo é imediatamente colocado no caixão".

Vaticano entra em período de "sede vacante"

Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica entra oficialmente no período conhecido como "sede vacante" (cadeira vazia), quando a Sé Apostólica fica temporariamente sem um líder. Durante este período, a administração da Igreja passa para o Colégio de Cardeais, que tem como primeira responsabilidade organizar o funeral papal.

Após as cerimônias fúnebres, os cardeais eleitores (aqueles com menos de 80 anos) se reunirão em um conclave para eleger o novo papa. O processo de escolha é secreto e segue rituais centenários que culminam com a tradicional fumaça branca anunciando a eleição do novo pontífice.

Um pontificado reformador

Eleito em 13 de março de 2013, Francisco tornou-se o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro. Seu pontificado foi marcado por reformas administrativas no Vaticano, esforços para combater a corrupção financeira na Igreja e uma abordagem mais inclusiva em relação a grupos tradicionalmente marginalizados.

Francisco também ficou conhecido por sua preocupação com questões ambientais, expressas na encíclica Laudato Si', e por seus esforços diplomáticos em zonas de conflito ao redor do mundo.

"Um pastor dedicado aos pobres e marginalizados"

O comunicado oficial divulgado pelo Vaticano destaca a dedicação do pontífice aos valores evangélicos e sua especial atenção aos mais necessitados:

"Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, confiamos a alma do Papa Francisco ao amor misericordioso do Deus Uno e Trino".

Nos próximos dias, líderes religiosos e chefes de Estado de todo o mundo deverão comparecer ao Vaticano para prestar as últimas homenagens ao pontífice argentino que redefiniu o papado para o século XXI.

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