A
Quaresma, no seu conjunto ritual, é um grande sacramento de conversão e
reconciliação, mediante o qual participamos na fé do mistério de Cristo, que,
vencendo as tentações, escolhe a atitude da compaixão e do amor incondicional,
como servo humilde e sofredor, até a cruz. Mais do que uma preparação
penitencial da Páscoa, a Quaresma constitui um ensaio da vida nova no Espírito,
pelo qual toda a Igreja é convocada a deixar-se “purificar do velho fermento
para ser uma massa nova, levedada pela verdade” (cf. 1Cor 5,7-8).
Tomando
uma atitude contra o consumismo, o “jejum” como autodomínio sobre nossa
alimentação, nossas palavras, nossos sentimentos, nossos atos, ouvindo e
acolhendo sua Palavra sempre viva e eficaz, dedicando mais tempo à oração,
vamos fortalecendo as razões de nossa esperança e, assumindo a prática do
perdão, da justiça, da misericórdia, da solidariedade, o verdadeiro e mais
agradável jejum: “desatar os laços da maldade, desamarrar as correias do jugo,
dar liberdade aos encurvados…” (cf. Is 58,6-7), como compromisso de “volta ao
primeiro amor” (Ap 2,4), selado na fonte batismal.
Nossa vida torna-se, então,
uma oferta de louvor, um sacrifício espiritual que apresentamos continuamente
ao Pai, em união com Jesus, o servo sofredor e pobre.
Como sacramento pascal, a
Quaresma nos chama à reconciliação e à mudança de vida, assumindo a busca da
humanidade inteira por libertação, justiça, dignidade, reconciliação e paz.
Alargamos ecumenicamente o coração, trazendo a Deus o clamor sempre mais forte
do universo, que anseia por vida e liberdade, aguardando a plena manifestação
dos filhos e filhas de Deus.
Fonte: CNBB